27/05/12

Apaixonado por música desde criança,  Marcelo Ribeiro hoje é um dos músicos mais respeitados do Espírito Santo.  Ele  faz até 15 shows por mês, mas diz que não é nada fácil viver de música. Nesta entrevista Marcelo fala sobre sua carreira e o mercado musical, e conta o que gosta na vida.  Confira:

 
 Quando começou seu interesse por música?
 Minha família sempre foi musical, meu pai tocava (não profissionalmente) violão e acordeom e meu irmão mais velho tocava violão, foi ele quem me ensinou as primeiras notas no instrumento quando eu tinha por volta de 11 anos.  Comecei tocando "de ouvido" e mais tarde, já com 18 anos, passei a estudar com o professor e guitarrista capixaba Chryso Rocha.  
 
 E  o Marcelo Ribeiro e  Banda B como surgiu?
 O projeto "Marcelo Ribeiro e Banda B surgiu em 1997 quando eu (que tinha voltado há pouco tempo para o Brasil, depois de 4 anos morando em Portugal) conheci o baixista Léo Teixeira e o baterista Queiróz durante os ensaios para o lançamento do primeiro CD do compositor Carlos Papel, "Voo das Tartarugas". Eu convidei esses dois fantásticos músicos para criar um projeto de "power trio" de pop-rock e fazer releituras de composições de grandes autores brasileiros contemporâneos como Caetano, Gil, Cazuza, Renato Russo, Tim Maia e outros. E como os dois já tinham outros projetos musicais, o Manimal (Queiróz) e a Banda Club Big Beatles (Léo) eu resolvi batizar nossa nova banda como um projeto paralelo a que demos o nome de "Banda B" que deu muito certo e virou uma marca de respeito no mercado capixaba de shows.
 
Quais são suas referências musicais? Qual estilo gosta mais?
Tenho muita sorte de minha família sempre ter sido muito musical. Meu pai escutava muito Luiz Gonzaga e Jackson do Pandeiro devido a sua origem nordestina, minha mãe cantava músicas de serestas nas festas e saraus em nossa casa e meu avô materno inclusive tocava percussão em um grupo de chorinho. Ao mesmo tempo meus irmãos mais velhos (4) me apresentaram o rock dos Beatles, Elvis, Raul Seixas e outros, mais tarde eu me interessei pela linguagem do jazz e fui estudar os "standarts" do gênero, eu costumo dizer que meu estilo é Boa Música e sinto-me à vontade para tocar esse estilo. 
 
Você está presente em vários eventos e bares capixabas. Quantos shows faz, aproximadamente, por mês?
Vivo somente de música, não tenho outra profissão paralela (apesar de ter cursado Comunicação Social na Ufes) e faço de 10 a 15 apresentações mensais em diversos tipos de eventos como congressos, casamentos, eventos de perfil corporativo, bares, boates e festas de cidades, ao mesmo tempo faço arranjos e gravo guitarras em CDs de outros artistas e também gravo jingles e trilhas para comerciais.
 
Já aconteceu algo inusitado em algum show?  Conte-nos
Já aconteceu de tudo durante shows. Toquei numa província no interior de Portugal que tinha cerca de 10 mil habitantes e para acontecer o show a cidade teve que ficar às escuras pois a energia não suportava o consumo do P.A, então o prefeito mandou desligar tudo e nós fizemos o show da cidade. Já toquei em casamentos no qual o noivo estava se casando pela 2ª vez e nós tínhamos tocado no 1º casamento dele (risos) , coisas desse tipo.  
 
Sabemos que não é fácil ser músico aqui no ES e no Brasil. Quais os maiores obstáculos e problemas que enfrenta?
O maior obstáculo talvez seja a falta de vontade política de fazer a música acontecer aqui no ES. Somos massacrados com música de péssima qualidade nas festas de nossas cidades com artistas de 3º escalão de gêneros como axé, sertanejo e que vem com cachês 20 ou 30 vezes mais alto que os nossos e as prefeituras os contratam por meio de empresários que têm grandes interesses em jogo e dominam a escalação dos artistas que irão tocar, daí fica realmente difícil "penetrar" nesse esquema.     
 
 Qual seria a solução para essa difícil realidade musical daqui mudar?
A solução é simples, basta ter vontade política, eu penso que qualquer evento promovido e que tenha financiamento de dinheiro público deveria ser obrigada a contratar pelo menos 50% de artistas locais com cachês dignos e condições iguais aos artistas de renome nacional.  Se os deputados criarem uma lei desse tipo e o poder Executivo quiser nós fomentaremos o mercado da música local e divulgaremos nossos artistas de maneira legal e transparente. 
 
Vamos falar um pouco do que gosta e do seu dia a dia. 
 
Faz atividade física? Qual?
Acabo de voltar para a academia e faço musculação e aeróbica pois com 50 anos o corpo precisa dessa "manutenção" (risos)
 
Uma música?
Como músico brasileiro que toca também fora do Brasil eu vou ser sincero, "Garota de Ipanema"  e "Wave"  são o nosso ganha-pão nos circuitos musicais de todo o mundo, por isso eu destaco essas duas obras do mestre Tom Jobim.   
 
Um show que marcou?
Em 1992 no verão de Portugal toquei na "Queima das Fitas", a maior festa tradicional dos estudantes portugueses e que aconteceu em frente a Torre de Belém, local de grande importância histórica pois era de lá que saíam os navios portugueses para desbravar os oceanos do mundo. Nesse evento haviam 35 mil pessoas e a atração principal era a "Amazônia Band", banda da qual eu fazia parte e com o qual gravei um CD naquele país.
 
Uma viagem?
Ilha da Madeira, onde já toquei várias vezes no Casino da Madeira ; e em Santiago de Compostela, onde também já estive pelo menos 5 vezes.  
 
Um lugar que ainda quer conhecer?
Já viajei por países europeus mas nunca fui aos EUA, por isso tenho planejado uma viagem para a terra do Tio Sam, esse deve ser meu próximo destino.   
 
Um refúgio?
Minha casa, e na companhia de minha família, é onde eu recarrego minhas forças.
 
Um livro?
New Real Book, livro que reúne partituras de clássicos da boa música mundial (inclusive brasileira).   
 
 Um filme?
"Encruzilhada" com Ralph Macchio e Steve Vai.
 
Um restaurante?
"Casa do Victor" no interior do norte de Portugal, serve o melhor bacalhau assado na brasa do mundo!  
 
 Uma comida?
Moqueca 
 
Deus?
O criador  e gestor de nossa vida, creio, amo e respeito demais. 
 
Família?
O verdadeiro sentido da vida.
 
 
Uma frase que é seu lema de vida? 
Viva cada dia como se fosse o último.
 

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