Tânia Caju

 

Sempre teve interesse em música, shows? Conte um pouco da sua carreira. 

Sempre tive interesse pela música, apesar das dificuldades, por morar numa cidade de pouca vida cultural. Eu tinha somente um rádio de pilha, que só pegava bem à noite por causa do sinal e das montanhas ( Teresópolis ). O meu contato com a música se deu também com os grupos de jovens das igrejas, pois tocava e cantava nas missas, na escola e nos festivais de música local.  Muito tempo depois, morando em Vitória, estudante de psicologia, conheci Cláudia, irmã de um dos dirigentes do Circo Voador, na época fizemos juntas a produção para o evento da turnê “Eu Não Prestes mas eu te Amo”, que passou por várias capitais do Brasil, incluindo Vitória. O projeto contava com várias atrações cariocas e com apresentação de capixabas antes do show do Cazuza, que lançava carreira solo.   

Nos anos 90 voltei para o Rio, ainda estudante, fui para o Circo Voador fazer “fre lances”. Fazia tudo que aparecia: lista de convidados, venda de ingressos, distribuição de panfletos, trabalhava no bar, tudo que pudesse acrescentar no orçamento. Com a oportunidade, fui aprendendo a profissão e me aproximando da música e dos shows.

 

E  quando e como surgiu a Caju Produções?

No tempo que morei no Rio fui me envolvendo nesse “métier” e não consegui mais sair, trabalhando no Circo e na construção da Fundição Progresso. Conheci muitos cantores, dentre eles o meu querido amigo, compositor, cantor, Flávio Venturini, que me convidou para trabalhar. Saí do Circo e da Fundição Progresso e fui para a estrada como produtora do Flávio e com ele conheci muitas pessoas importantes desse mundo da música, empresários, cantores, musicos, lugares. Conheci também Branca Ramil, outra figura linda e importante, e nos tornamos sócias. Fizemos muitas produções no Rio, tínhamos no escritório grandes nomes da MPB tais como: Flávio Venturini, Joyce, Kleiton e Kledir, MPB4, Cristina Santos, entre outros. Mas a Caju surgiu quando voltei para Vitória em 95 e pensava que não iria mais trabalhar com música, shows e etc. Tentei outros trabalhos e não tive sorte. Comecei  fazer produção local e nunca mais parei.

 

Consegue contabilizar quais e quantos shows e eventos já produziu? 

Essa pergunta é muito difícil porque nunca contabilizei, comecei nesse show do Cazuza e depois, com alguns intervalos, nunca mais parei. Isso foi em 10 de janeiro de 1986. No Rio, com minha sócia Branca Ramil, fizemos programações para alguns bares, casas de shows, Teatro Rival. Com Flávio Venturini fiquei 5 anos, com Milton Nascimento mais 5,  outros cantores no meio destes anos como Leila Pinheiro, Zé Renato. No “RioShow Festival”, foram duas edições  sendo que na 1º,  foram 9 noites  com  nomes como: Tom Jobim e a Família Caymmi, Rita Lee e Gal Costa, Gilberto Gil, João Bosco, com a produtora MPB de João Mario ,Welington Lima e Diler Trindade.

 

Em Vitória, produzi muitos shows marcantes como o de Cássia Eller, no Teatro Glória, Sandy e Júnior na Praça do Papa. No projeto "Seis e Meia", que foi uma realização da Secretaria de Estado da Cultura, entre 2008 e 2010, produzimos 28 shows com 84 artistas entre cantores nacionais e locais no Teatro Carlos Gomes.  O Projeto Centro 12:30h do Sebrae com o Diretor César Vasques, foram 14 shows.  Com a Kátia Rocha trabalho ha 18 anos, produzi seus quatro Cds e shows de lançamentos em projetos que participou como Pixinguinha e Novo Canto.  Com Lenine fiz produção local para o lançamento do CD Chão e O Show The Bride com o Maestro Martin Fondse. No projeto “A Música que Gostamos de Ouvir" de Mauricio Prates, produção em 4 anos de 2010 a 2013. No Festival Maguinho Jazz e Blues de 2013.  No Festival de Música Brasileira, em Tenerife na Espanha,  4 anos seguidos,  levei do Brasil Joyce, Bossacucanova, Roberto Menescal, Danilo Caymmi, Kátia Rocha e João Donato. Acho que ficaria lembrando muitos outros, mas são mais de 20 anos.

 

O que é preciso para ter sucesso na produção de um show?

Ter bons parceiros, trabalhar com profissionais, ser detalhista, cuidadosa e principalmente, amar o que faz.

 

E os próximos shows e eventos que a Caju está produzindo ou pretende realizar aqui no ES?

Este ano estamos na luta para voltar com o "Seis e Meia", e se tudo der certo, estaremos de volta em abril ou maio, com algumas edições. Estou trabalhando em parceria com a produtora Júlia Sodré, que realiza o Festival “Manguinhos Jazz e Blues” e o projeto “Música no Parque”, este ano com o patrocínio da Vale, no Parque Botânico. Estou na quarta edição da produção local do “Prêmio da Música Brasileira” deste 2011.  Este ano vai homenagear o Samba. Outros projetos com Kátia Rocha, que este ano fará shows fora do Brasil com seu último CD, ”Hoje o Samba Saiu” e vai gravar algumas canções para distribuição digital. Produção para  o lançamento do primeiros CD da Banda Kalifa. Produção do 3º Festival de TV e Cinema do Interior em  Muqui – FECIN, com o Diretor Léo Alvez e sua equipe maravilhosa. E para fechar o ano, os shows com Maurício Prates, surpresas estas, que prefiro deixar para ele mesmo revelar…

 

Agora, um pouco sobre o seu dia  a dia…

 

Meu dia a dia é simples, moro e trabalho no mesmo bairro, que por uma linda coincidência se chama, Praia do Canto.  Aqui faço tudo: vou à praia, caminho, ando de bicicleta, saio para comer, comprar e encontrar os amigos.

 

Quando não está trabalhando, o que faz para relaxar?

Vou à praia, cozinho (pouco), gosto de vinho, vou ao cinema, leio, toco violão para as paredes, sem problemas (porque não sei muito), assisto esporte, principalmente futebol. Estou  doida que comece a copa. E adoro viajar, sempre que posso, vou a lugares lindos, longe ou perto.

 

Faz atividade física? Qual?

Pouca, deveria fazer mais, mas jogo futebol duas vezes por semana, ando de bicicleta, faço alongamento com a minha personal Sandra Sudati.

 

Uma música?

Trabalhar com música e falar de uma só é muito difícil mas, sou especialmente apaixonada pela MPB  estilos, bossa nova e samba, gosto também da  Black Music e Jazz. Então a primeira que vem a mente é Coração de Estudante, de Wagner Tiso e Milton Nascimento.

  

Um show inesquecível?

Vocês só fazem perguntas difíceis… Mas vamos tentar… “Tambores de Minas”, de Milton Nascimento. 

 

Uma viagem inesquecível e um lugar que ainda deseja conhecer? 

Foram vários lugares lindos que conheci trabalhando com a música, mas a mais inesquecível foi ao Japão, Tókio, e  gostaria de conhecer mais a Itália e o interior da França.

 

 Um refúgio?

A casa da minha mãe em Teresópolis, o sitio da minha amiga Regina Destefani em Pedra Azul e o mar.

 

Um livro?

São dois livros importantes para mim, Os Portões da Prática Budista, de Chagdud Tulku Riponche e  O livro das Emoções , de Bel Cesar 

 

Um filme?

Muitos, milhares, filmes maravilhosos: The Brave One- Valente  – com  Jodie Foster e o Secreto de sus ojos –  O Segredo dos Seus Olhos –   Juan José Campanella.

 

Uma comida?

Amo comida italiana quase tudo, mas vamos uma: Massa ao pesto.

 

Deus?

É a Iluminação maior.

 

Família?

É a base da vida. Tenho uma família linda! Sou feliz por pertencer a esta família, os Maias da Silva. Dizem que somos nós quem escolhe a mãe, se for, eu acertei em cheio.  Minha mãe é meu tesouro maior!

 

Uma frase que é seu lema de vida?

“Sempre em frente, não temos tempo a perder”.