23/08/14
 
 O cirurgião plástico Fábio Zamprogno destaca-se como um dos profissionais mais conceituados do Espírito Santo. Formado em Medicina pela Universidade Federal do Espírito Santo em 1986, pós-graduado pelo Instituto Nacional do Câncer (Inca-RJ) e membro das sociedades brasileiras de Cirurgia Plástica e de Restauração Capilar, tem reconhecimento nacional e internacional e foi o pioneiro no Estado nas técnicas de reconstrução mamária pós-mastectomia e microtransplante capilar.  Nesta entrevista ele conta sobre como escolheu a profissão, as cirurgias plásticas mais procuradas e muito mais. Confira: 
 
 
 
Como foi a escolha pela profissão de cirurgião plástico? Há quanto tempo atua na área? 
 Desde os dez anos de idade, eu já sonhava em ser médico cirurgião. Esse foi o meu único sonho e primeira opção na escolha da profissão. Finalizei o curso de medicina em janeiro de 1981, desta forma, completei 33 anos de formado este ano. Como fiz sete anos de residência médica, atuo como cirurgião plástico há 26 anos. Ao todo foram sete anos de residência: quatro na área de cirurgia geral e três em treinamento de cirurgias plásticas. Inicialmente meu interesse era voltado apenas para a área de cirurgias reparadoras. Porém, durante a residência médica, a área de estética chamou minha atenção.
 
Quais foram as principais mudanças em cirurgias plástica nesse tempo? 
Com o decorrer dos anos, as técnicas de cirurgia plástica se tornarem cada vez mais complexas e a tecnologia colaborou para a melhoria da recuperação dos pacientes. Um exemplo dessa mudança ocorreu na cirurgia de transplante capilar. Antes, os bulbos capilares eram preparados a "olho nu". Atualmente, com o auxilio de microscópios e lupas especiais, é possível um melhor aproveitamento das unidades foliculares. Outro exemplo é a lipoaspiração, que inicialmente era mais sangrativa e, por isso, abrangia menores áreas do corpo. Hoje, é possível realizar uma lipoaspiração com menor perda sanguínea e também "esculpir" maiores áreas corporais. Outra mudança ocorreu no comportamento dos pacientes, que com o tempo se tornaram mais exigentes.
 
O Dr. foi o primeiro a fazer reconstrução mamária pós-câncer no Espírito Santo, há 25 anos. Hoje a técnica é diferente, o resultado é melhor? 
 Foi exatamente há 25 anos, quando retornei da residência médica, que a técnica de reconstrução mamária foi trazida para o Brasil. Nessa época, tive a oportunidade de ser o pioneiro no Espírito Santo, pois havia aprendido a reconstruir mamas no hospital em que fiz o meu treinamento. Inicialmente, a reconstrução mamária era realizada com a gordura retirada do abdômen da própria paciente e, por isso, a recuperação era muito mais demorada e dolorosa. Hoje, com o uso de próteses de silicone, o tempo de recuperação reduziu e a cirurgia ficou menos dolorosa. Atualmente, o método de reconstrução mamária pós-câncer com uso de próteses é bem mais utilizado do que a técnica de reconstrução com retirada de gordura do abdômen.
 
Este mês foi noticiado que o Brasil é o novo campeão de cirurgia plástica do mundo, passando os Estados Unidos, segundo levantamento divulgado pela Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética. Percebe esse crescimento também aqui no Espírito Santo, no seu consultório? 
 Percebo. O brasileiro é muito vaidoso, e moramos em um país tropical, em que as pessoas cultivam o corpo de forma saudável. Outro ponto é o valor das cirurgias plásticas no Brasil, que é mais em conta quando comparado aos Estados Unidos. Além disso, os médicos brasileiros são muito comunicativos e carismáticos, facilitando o acesso à cirurgia plástica. 
 
Quais são as cirurgias que mais realiza? 
 A cirurgia mais procurada pelas mulheres em meu consultório, atualmente, é a mamoplastia de aumento com o uso de prótese de silicone. Já a lipoaspiracao ocupa o segundo lugar. No caso dos homens, a primeira é a cirurgia de pálpebras e a segunda, o transplante capilar.
 
As cirurgias estéticas são normalmente as mais procuradas? 
Sim. Cerca de 90% das cirurgias realizadas por mim são estéticas.
 
Já aconteceu de um paciente pedir alguma cirurgia absurda? 
 Eu não diria propriamente "absurda", mas já registrei alguns pedidos que possam ser assim considerados, talvez, por falta de informação. O que geralmente ocorre é o pedido de algumas pacientes para que várias cirurgias sejam realizadas ao mesmo tempo. Por exemplo, pacientes que desejam se submeter à mamoplastia, abdominoplastia, lipoaspiracao das costas, enxerto de gordura e ainda algum procedimento na face, como plástica das pálpebras, tudo junto. Muitas vezes, elas alegam que não têm muito tempo disponível para recuperação e que, por isso, não poderiam fazer as cirurgias em duas etapas. São pacientes muito ansiosas. Nesses casos, a consulta demora mais, pois temos de explicar que poderíamos associar no máximo dois procedimentos, pois o risco de complicações é muito alto. Felizmente, hoje as pacientes estão mais conscientes dos riscos e entendem melhor a nossa colocação de só realizar duas cirurgias simultaneamente.
 
A plástica sofre influência da moda? 
 Não exatamente da “moda". Eu diria que as pessoas estão cada vez mais exigentes com a própria aparência e valorizando detalhes que antes não eram percebidos. Nas mamas, por exemplo, as mulheres passaram a valorizar muito mais o colo e, por isso, registro uma grande procura por próteses de silicone. Essa percepção é um caminho sem volta.
 
A partir de que idade podem ser realizadas cirurgias plásticas?
 Existem cirurgias comuns para cada faixa etária:
– Orelha de abano: a partir dos sete anos de idade, quando a criança começa a ter consciência do problema.
– Redução de mama: a partir dos 16 anos, pois mamas muito grandes podem alterar a postura da paciente.
– Próteses de mama: geralmente aconselho que a paciente espere os 18 anos, para completar todo o desenvolvimento das mamas. 
– Ginecomastia: geralmente é realizada na adolescência, pois também altera a autoestima dos pacientes.
– Correção de pálpebras: geralmente após os 35 anos. 
– Plástica facial: geralmente após os 45 anos. 
– Plástica abdominal (abdominoplastia): geralmente após a segunda gravidez.
Essas faixas etárias são apenas uma média, que podem variar de acordo com o perfil e a necessidade de cada paciente. Por exemplo, no caso da cirurgia bariátrica, para tratamento da obesidade, pacientes com grandes perdas de peso podem necessitar também da plástica abdominal.
 
É comum que os pacientes tenham muitas expectativas em relação às intervenções que querem realizar? Como lida com isso? 
 Sim. A expectativa por algo melhor é muito comum quando o paciente procura o consultório. Porém, devemos avaliar – e informá-lo – se essa expectativa pode ser realmente alcançada. Um cirurgião plástico mais experiente consegue entender melhor as expectativas do paciente e analisar muito bem esse aspecto durante a consulta médica. A princípio, essa expectativa pode ser bem trabalhada, dando uma ideia real do que a cirurgia poderá oferecer ao paciente. Caso ele não consiga entender os limites da intervenção, talvez não esteja suficientemente preparado para o procedimento. Eu diria que, atualmente, essa expectativa possa ser trabalhada em 95% dos casos e que apenas uma minoria não consegue aceitar a realidade dos limites da cirurgia plástica.
 
 Como vê o futuro da cirurgia plástica?
Vejo como uma área em expansão. A vida média dos brasileiros e da população mundial tem aumentado e as pessoas querem envelhecer da melhor forma, com a melhor aparência, e, para isso, procuram mais por cirurgias plásticas. Os pacientes estão mais detalhistas e exigentes, o que nos estimula a aprimorar cada vez mais os procedimentos. Dessa forma, as técnicas vão se aperfeiçoando. Um exemplo são os diversos formatos das próteses de mama desenvolvidos nos últimos anos. Antigamente, as pacientes chegavam ao consultório pedindo simplesmente por uma "prótese de mama". Hoje, querem discutir sobre os vários formatos e perfis (alto, superalto, cônica, em gota, etc.). Outro grande avanço foi na plástica de abdômen. Há 25 anos, a  lipoaspiração não era associada à plástica abdominal. Então, o paciente era operado de abdominoplastia e depois, em outro momento, fazíamos a lipoaspiração. Hoje, é possível realizar as duas na mesma cirurgia, a chamada Lipoabdominoplastia. Ou seja, realizamos a plástica de abdômen para retirar o excesso de pele e a lipoaspiracao simultânea para oferecer um melhor contorno corporal.
Resumindo, os procedimentos vão sendo aperfeiçoados aos poucos e, quando olhamos para traz, vemos os grandes progressos que foram feitos. Surge daí a necessidade de participarmos frequentemente de congressos, para poder acompanhar essas mudanças.
 
 

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